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AS CHAVES PARA ENTENDER A ‘LINGUAGEM CORPORAL’

Submitted by on October 13, 2010 – 1:11 amNo Comment

Novo texto: A Psicologia por detras da linguagem corporal em: http://leoteles.com/?p=596

 

 

Originalmente publicado em 28 de Outubro de 2009

Entenda melhor a motivação para essa série em: http://leoteles.com/?p=440

Texto original em inglês de Joe Navarro. Tradução livre de Leonardo Teles

Desde que escrevi ‘What Every Body is Saying’, venho sido constantemente questionado sobre ‘que tipo de comportamento não verbal devo procurar, e se são eles diferentes em casa, trabalho ou nos nossos relacionamentos?’ Talvez este artigo lhes ajude a obter as devidas respostas.

Em algum momento de nosso passado hominídeo, tal qual como ocorreu com a maioria do reino animal, desenvolvemos a habilidade de comunicar-nos de forma não verbal. Passados milênios, essa continua sendo nossa principal forma de comunicação, em especial no que tange as emoções.

Charles Darwin inicialmente, e muito posteriormente Paul Ekman, escreveram sobre a universalidade das emoções em parte porque, tal qual afirmou Joseph Ledoux, estes, e outros comportamentos típicos de sobrevivência são governados por nosso elegante sistema límbico.

O controle homeostático, a procriação, as emoções, a detecção e reação às ameaças, assim como a garantia de nossa sobrevivência são todos responsabilidades de nosso sistema límbico central. As reações límbicas são imediatas, precisas, mensuráveis, honestas e se aplicam a todos nós. Suas reações estão devidamente enraizadas em nosso ser, são parte de nossos paleocircuits que podemos observar no comportamento límbico de crianças que nascem cegas. É essa a razão pela qual cada geração que passa nós ‘nos movemos em direção ao abismo’, mas não nos debruçamos para olhar. Nosso sistema límbico simplesmente não o permite.

Nossas necessidades, pensamentos e propósitos são processados por nosso sistema límbico e o expressamos através da linguagem corporal. Um bebê que não goste de determinada comida, por exemplo, irá apertar os lábios ou cuspir, esteja em Boston ou em Bornéu. Igualmente, bebês em qualquer parte do mundo se deleitam (dilatam as pupilas) quando vêem suas mães.

Essas expressões límbicas são bastante simples e contornam uma constelação de comportamentos ‘limbicamente controlados’ de emoções antagônicas, e que costumam se refletir em demonstrações de conforto/desconforto. Desde que nascemos, estamos sempre em oposições: ou com frio, ou aquecidos; satisfeito ou insatisfeito; feliz ou triste… Expressamos essas emoções através de nosso rosto e linguagem corporal por todas nossas vidas.

Ao recebermos notícias ruins, comprimimos nossos lábios. Perdemos o ônibus e apertamos nossas mandíbulas e massagemos o pescoço. Nosso chefe nos pede que trabalhemos outro fim de semana e as órbitas de nosso olhos se aproximam, assim como nosso queixo abaixa levemente. Estes são todos sinais de desconforto, e é através deles (ou similares) que transmitimos como nos sentimos ou o que estamos pensando. São demonstrações corporais, porque é assim que nosso sistema límbico evoluiu através de milhões de anos.

Deste mesmo modo, quando vemos alguém de quem verdadeiramente gostamos, nossas sobrancelhas formarão um arco, quase que desafiando as leis da gravidade. Nossos músculos faciais relaxarão e os braços ficarão mais relaxados e maleáveis (mesmo que estejam extendidos). Preparamo-nos para receber e dar boas as vindas a essa pessoa. Na presença de alguém que amamos, iremos imitar seu comportamento (técnica chamada de ‘espelhismo’ ou tecnicamente isopraxis), inclinamos nossas cabeças e o sangue irá para os lábios, deixando-os em sua plenitude, assim como nossas pupilas irão se dilatar. Mais uma vez nosso sistema límbico comunica através de nosso corpo, de maneira verdadeira, nossos reais sentimentos e orquestra uma precisa correspondência de ‘não verbais’.

Quando há conflito com relação ao que é dito (oralmente) e transmitido pelos nossos não verbais, é sempre o corpo que fala a verdade. Por quê? De novo, porque este foi nosso método primordial de comunicação por milhões de anos. Então, quando uma pessoa diz: ‘Sim, irei sem problema lhe ajudar neste final de semana’, mas ao fazê-lo seus lábios são pressionados ou são mordidos, os músculos do rosto estão estáticos, há toque no pescoço, pode ter certeza de que há problemas com a situação.

Quais são? Podem ser quaisquer, desde um desinteresse pessoal, má vontade para com você a até mesmo a existência de algo previamente programado. O importante, entretanto, é que em resposta à pergunta ‘Você pode me ajudar neste final de semana?’, houve uma resposta autêntica do sistema límbico que se concretizou através de demonstrações de desconforto (através do corpo, não das palavras).

Seja no trabalho, em casa ou em relacionamentos, procure sempre observar sinais de conforto ou desconforto. São paradigmas que deixam clara a real situação. Pergunte-se sempre: estou vendo que tipo de reação (conforto ou desconforto)? Este foco facilitará explorar e melhor entender problemas ou questões que se tentam esconder verbalmente, ou que se tenta negar. Permite, também, a validação daqueles sentimentos que se diz tão profundamente possuir.

Estamos constantemente transmitindo informações de nossos pensamentos, sentimentos e intenções através de nossas respostas límbicas. Possivelmente, o comportamento que você observe se encaixará em uma dessas duas categorias (conforto/desconforto) e devemos agradecer essas reações àquela parte emocional do nosso cérebro primitivo inicialmente descoberta por Darwin: o sistema límbico centra.

Joe Navarro pode ser encontrado no Twitter ( @navarrotells) ou através do web site de sua empresa de consultoria internacional Joe Navarro Forensics.

Mais artigos sobre linguagem corporal

Bibliografia para referencia:

Darwin, C. (1872). The expression of emotion in man and animals. New York: Appleton-Century Crofts.

Ekman, P. (2003). Emotions revealed: Recognizing faces and feelings to improve communication and emotional life. New York: Times Books.

——— (1991). Telling lies: Clues to deceit in the marketplace, politics, and marriage. NewYork: W. W. Norton & Co.

de Becker, G. (1997). The gift of fear. New York: Dell Publishing.

LeDoux, J. (1996). The emotional brain: The mysterious underpinnings of emotional life. NewYork: Touchstone.

Navarro, J (2008). What every body is saying: an ex-FBI agent’s guide to speed –reading people. New York: HarperCollins.

Nota do tradutor: Porque agora não tentar procurar NVs ao seu redor, no seu dia a dia? Sinais de conforto ou desconforto? Postem suas experiências e digam se este artigo ajudou em algo no seu dia a dia, relacionando-se com chefes ou pessoas queridas/amadas. O próximo artigo deve sair ainda essa semana.

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