O ‘voz de bourbon’ – Tom Waits
‘Uma voz como que empapada em um tonel de bourbon’, assim definia um crítico este brilhante cantor e compositor americano. Adepto de um estilo experimental, algo próximo ao blues em muitas músicas, Tom Waits ganhou espaço no mundo inteiro pela sua qualidade musical e a própria peculiaridade de sua voz.
Acredito que com o decorrer de sua idade tenha se aproximado cada vez mais de influências da música negra americana, em especial o Blues. Tentarei postar algumas de suas músicas que considero mais belas em posts seguintes, mas gostaria de reservar este para uma pela qual tenho especial carinho: ‘Ol 55.
Procurando por versões dessa música na internet, deparei-me com uma deliciosa explicação do próprio Tom sobre como desenvolveu a música. Uma história deveras interessante que posto abaixo:
Para aqueles que não entendem inglês, explico a história. Tom Waits conta que estava em um hotel (Tropicana) e recebeu a visita de um amigo seu chamado Larry Beezer tarde da noite, algo como 2 da manhã, e lhe disse:
– Estou com uma garota, saindo com ela, e ela só tem 17 anos e tenho que levá-la de volta para Passadena. O problema é que o que sobrou do meu carro é a marcha ré.
Tom responde:
– Ok, como posso ajudar?
– Preciso de dinheiro para o combustível.
Tom segue explicando que Beezer lhe vendeu algumas de suas piadas, dizendo-lhe que podia dizer a qualquer um que eram dele (de Tom), ‘afinal você pagou por elas’.
– Parece-me um excelente negócio.
Então lá vai Beezer, em marcha ré, na Passadena Freeway (na pista lenta), todo o caminho de volta.
– Acho que deveriam dar algum tipo de prêmio para este tipo de coisa – segue Tom.
O carro? Era um Cadilac 1955… Um velho (old = ol’ 55)…
Ouvir a história contada por sua própria voz, entretanto, é muito mais saboroso. Abaixo uma das primeiras versões dessa música, com uma voz bem diferente e mais lento. Não é a minha versão preferida, mas é muito boa. Espero que seja do gosto de vocês.