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Lost Stars – Adam Levine, filme ‘Begin Again’

February 1, 2015 – 3:42 am |

Alguns anos separam meu último post neste que um dia chamei de ab lucem. Recebi e-mails solicitando novos textos, reclamações, perguntas do ‘porque parei’. O fato é que não andava muito inspirado a escrever. Bem, …

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Bandolins, de Oswaldo Montenegro

Submitted by on June 27, 2010 – 12:03 amNo Comment

Como fosse um par que

Nessa valsa triste

Se desenvolvesse

Ao som dos Bandolins…

E como não?

E por que não dizer

Que o mundo respirava mais

Se ela apertava assim

Seu colo como

Se não fosse um tempo

Em que já fosse impróprio

Se dançar assim

Ela teimou e enfrentou

O mundo

Se rodopiando ao som

Dos bandolins…

Como fosse um lar

Seu corpo a valsa triste

Iluminava e a noite

Caminhava assim

E como um par

O vento e a madrugada

Iluminavam a fada

Do meu botequim…

Valsando como valsa

Uma criança

Que entra na roda

A noite tá no fim

Ela valsando

Só na madrugada

Se julgando amada

Ao som dos Bandolins…

Bandolins, de Oswaldo Montenegro, é uma forte e profunda declaração de amor oculto. Uma paixão escondida; um poeta que via o objeto de seu desejo de longe. Imaginava, sonhava, pensava e sofria… Sofria escondido, e expressou seus sentimentos na música. Expressou aquilo que via nas letras e no som de seu violão.

Conta Oswaldo que ele vivia uma paixão escondida pela então cunhada de seu parceiro Zé Alexandre (originalmente aquele quem cantou a música com ele). Essa cunhada era uma bailarina e tinha um namorado, também bailarino, que foi convidado para ir morar na França. Sua mãe não permitiu que ela deixasse o Brasil indo detrás de um namorado, nada condizente com uma moça de família. Ficou… Ficou triste, na saudade de seu querido amado.

Montenegro já alimentava uma paixão quase platônica por ela. Ia visitá-la sempre que possível. Conta que certa vez, na casa de Zé Alexandre na ‘Pedra de Guaratiba’, ele a encontrou e começou a dedilhar coisas em seu bandolim. A tal moça, deixando-se levar pela música e com a cabeça distante pensando naquele que está longe começa a bailar. Abraça-se, viaja em uma valsa triste. Uma dança a dois realizada a sós.

Dança criando a ilusão de que ela é na verdade dois (‘o par que nessa valsa triste…’). Usa a música para diminuir o seu sofrimento, absorve a alegria das notas deixando-as entrar em seu coração e esquecendo o aperto de não ter notícias. Não ter aquele que deseja por perto para dançar com ela. Para tocar-lo.

A sensibilidade do poeta, aliada à beleza de um momento único se uniram e criaram uma das mais belas canções do Brasil. Na minha opinião uma ode ao velho Rio. Uma música que nasceu na cidade do Rio, composta por um carioca e com uma história toda especial. Uma paixão distante, uma ilusão que sustentava e aliviava a dor, ajudava mesmo a consolar o poeta pela sua ‘fada’ intocável. Objeto de sua adoração e ilusões românticas e fantasias às vezes mais reais que a própria realidade.


Uma bela homenagem a um Rio que ficou no tempo. Imortalizada na voz do grande Altemar Dutra. Interpretada a depender de como se sinta, se olhe. No vídeo em duas versões: a de u m festival e a de um vídeo-clip. Ambas com Oswaldo Montenegro e Zé Alexandre. Recomendo.

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