‘Discursometro’ – entenda seu candidato !
Há algum tempo atrás comecei a me interessar pelo uso da língua na linguagem política. Entendamos aqui ‘política’ no seu sentido latu, é dizer: jogo de poder. Comecei a ler e tentar entender a chamada ‘Escola de Cambridge’ de interpretação de textos históricos (Skinner e Austin em especial) e acabei sendo levado a conhecer o trabalho de Frank Luntz. Em um outro post comento mais aprofundadamente sobre os trabalhos de Skinner e como interpreto um possível uso de seus textos na America Latina dos dias de hoje.
Voltemos ao ‘word Doctor’. Frank Luntz foi consultor de diversas campanhas eleitorais e publicitárias mundo afora. Um ‘language geek’, como ele mesmo se intitula, o seu trabalho é entender e analisar a função da palavra no psicológico das pessoas e modificá-las de modo que seus clientes possam fazer o melhor uso de suas ferramentas de comunicação. Luntz costuma trabalhar com ‘focus groups’ de uma maneira bastante prática. Os grupos são criados de acordo com o público alvo a ser atingido e lhes são mostrados discursos, peças publicitárias, etc. A cada momento, pede-se que as pessoas demonstrem o seu grau de satisfação com o que vem através de um mecanismo. As respostas são passadas para outra sala em tempo real, onde estão seus assessores analisando cada palavra do discurso.
Neste momento Dr Luntz já possui seu texto pré-analisado com palavras chave que ele pretende por em prova. A resposta do público acabará por determinar se essas palavras ficarão ou serão modificadas. Obviamente esta é uma interpretação deveras simplória de um processo longo e exaustivo, algo que se faz ‘fácil’ por conta da experiência e prática dos envolvidos. Dá resultado!
Bem, voltarei a Luntz e à Escola de Cambridge depois (em especial aos ‘atos ilocutivos’ e a idéia de observar O USO que se faz das palavras, não seu sentido em específico). A razão de haver dado essa introdução foi por conta de uma interessante página que recebi hoje de André Eiras sobre uma análise das palavras mais usadas pelos candidatos a presidência do Brasil no debate RBS. Senti falta de uma análise dessas palavras, o uso que cada candidato faz dessas palavras e as tendências políticas reais nos ‘atos da fala’ de cada um. Fica aberto o debate e fico devendo um texto mais elaborado.
Segue o link: