Ab Lucem – The Who: Behind Blue Eyes
Há uma famosa frase em uma música do Pink Floyd que diz o seguinte ‘hangging on in quiet desperation is the English way’. Trata-se do estereótipo criado que fala justo da exacerbada reserva que os ingleses possuem, o suposto hábito de reprimirem seus sentimentos e não expressá-los. Na música, entretanto, podemos notar claramente a angústia que aflinge o eu-lírico. É como se um alter ego musical os permitisse demonstrar aquilo que levam apertado no peito.
No transcorrer de toda história do Rock’n Roll, podemos observar claramente o ápice (momento de euforia) e a tristeza dos grandes astros (melancolia, lembranças do passado. Observem as músicas dos Beatles, como saímos do ‘ye ye ye’ e chegamos a uma letra mais elaborada, com imagens de tristeza, sons e frases que remontam a vida pré-fama. A perda de uma liberdade que jamais encontrarão de novo. Volto a uma análise da música dos Beatles em um outro texto, neste quero falar de ‘The Who’, e em especial ‘Behind Blue Eyes’.
Conta a história que o ‘The Who’ se encontrava em uma cidade dos EE.UU., excursionando. Pete Townshend (guitarrista e compositor da banda) estafa sendo fortemente assediado por uma groupie. Tentava resistir ao assedio, aquele que ele sabia haver sido criado apenas por uma imagem desgarrada da realidade, a imagem dele de ídolo, de super-star.É dizer: tratava-se de um assedio não a Pete, mas ao que ele representava enquanto na banda.
Não tenho certo a razão que levou Pete e resistir tanto, mas o certo foi que ele se trancou em seu quarto e começou a escrever aquilo que lhe passava à mente, uma espécie de oração. Começou justo com a frase ‘When my fist clenches, crack it open / Because I use it and lose my cool’. Tratava-se de uma busca de forças para enfrentar aquela tentação que lhe aparecia. Foi desenvolvendo, então, a sua letra e posteriormente acrescentou uma reflexão pessoal sua: o que é exatamente ser quem sou? Ninguém sabe de fato o que significa ser quem sou, quem somos. Vêem apenas aqueles meros olhos azuis, que não necessariamente refletem o meu ser interior, porque preciso ocultar este no palco ‘None of my pain and woe / Cna show through’.
Essa bela música dos anos 1970, regravada recentemente por Limp Bitzki, é na verdade um grito, uma tentativa de mostrar o paradoxo da condição de artista: ter milhões ao seu redor, e entretanto encontrar-se solitário, sozinho. E ainda assim não poder demonstrá-lo. Um pedido de ajuda, tentativa de explicação ou mesmo pedido de desculpas (talvez para ele mesmo?). Mas… Pedido de ajuda a quem ?
Tanto Pete Townshend quanto Roger Daltrey (vocalista do grupo) possuem olhos azuis…
No one knows what it’s like to be the bad man
To be the sad man behind blue eyes
No one knows what it’s like
To be hated, to be fated to telling only lies
But my dreams, they aren’t as empty
As my conscience seems to be
I have hours, only lonely
My love is vengeance that’s never free
No one knows what it’s like
To feel these feelings like I do and I blame you!
No one bites back as hard on their anger
None of my pain and woe can show through
But my dreams, they aren’t as empty
As my conscience seems to be
I have hours only lonely
My love is vengeance, that’s never free
When my fist clenches, crack it open
Before I use it and lose my cool
When I smile, tell me some bad news
Before I laugh and act like a fool
And If I swallow anything evil
Put your finger down my throat
And If I shiver, please give me a blanket
Keep me warm, let me wear your coat
No one knows what it’s like to be the bad man
To be the sad man behind blue eyes