Peter Pan (El Canto del Loco)
Realmente há certas bandas que conseguem nos atrair. Talvez por certa afinidade no estilo, talvez tendência musical, a verdade é que desde que fui morar na Espanha pela primeira vez algumas bandas me chamaram bastante a atenção. O grupo ‘El Canto del Loco’ é um destes, e dedico este post a uma de suas lindas obras: ‘Peter Pan’.
A primeira vez que a ouvi foi por intermédio de um amigo. Havia acabado de retornar à Espanha após um longo período longe. Ia ficar poucos meses, que se estenderam por uns bons cinco. Comentávamos algo de música e ele me falou dessa nova música do Canto del Loco.
De imediato não me atraiu tanto, mas decidi escutá-la com mais calma. Realmente a música é linda, passei um bom tempo ouvindo a letra e interpretando-a de um modo que me pareceu interessante. Alguns pedaços, entretanto, não ‘batiam’ e segui ouvindo-a. Não sei bem ao certo como, mas foi apenas há pouco tempo que consegui entendê-la por completo.
Aqui segue a música com um link para a letra, no caso de alguém querer interpretá-la. Abaixo segue a minha interpretação.
A despedida de Peter Pan na música me levava invariavelmente a acreditar que se tratava de uma despedida da infância, da inocência e a perda da criança interior que temos em cada um de nós. Não conseguia entender, entretanto, o porque da felicidade ao perder Peter.
Com calma, ouvindo e pensando, caiu-me um subido ‘relámpago azul’ e consegui finalmente entender a razão. Peter, na verdade, não representa apenas a criança interior que temos dentro de nós. Peter se refere ao moleque que cada homem tem dentro de si. É aquela nossa tendência de fugir a relacionamentos mais sérios, a querer sair com várias, e na verdade com nenhuma. Peter representa nosso lado mais lúdico e, porque não dizer, mulherengo. Uma contraposição ao próprio Peter Pan, ser assexuado.
Tenho entendido que o eu lírico encontrou um certo alguém que lhe fez querer ‘assentar a cabeça’. Alguém que lhe acalmou, que fez querer expulsar Peter de dentro de si mesmo. Tarefa árdua, nada fácil. ‘Mas un buen dia junto a mi/Parecía que quería quedarse aquí/No había manera de echarle’.
Mas algo acontece, algo ou alguém tocou um certo botão que fez com que ele quisesse expulsar Peter… ‘Será que me habré echo mayor/Que algo nuevo há tocado este botón/para que Peter se largue’.
Entende ele que algo especial lhe aconteceu. Algo que lhe fizesse querer mudar. A dúvida ainda lhe assolava, entretanto, e ele demorou de fazê-lo. Peter ia e voltava. Deixava-o ir, mas a solidão da vida sem o peralta o incomodava, chamava-o de volta. Um belo dia, um almejado e desejado dia, ele de pronto decide mudar. Expulsa Peter de seu interior e se abre ao que quer que estivesse sentindo…
‘La vida tiene sus fases, sus fases’. ‘Y tal vez viva ahora mejor/ más a gusto u más tranquilo en mi interior’. ‘Cuando te marches creceré/recorriendo tantas partes que olvide/y mi tiempo ya lo ves/ Tengo espacio y es el momento de crecer/si te marchas viviré/con la paz que necesito y tanto ansie’.
Ansiou não a perda de alguém, mas justo a presença de alguém que jamais buscou ou sabia precisar. Precisou deixar seu Peter voar, longe dele, perto de ‘Sininho’ e crescer junto. Só sem Peter, mas junto com uma nova pessoa, a sua nova fase…
Alguem a interpreta diferentemente?
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