Ab Lucem – Encontros e Despedidas (Milton Nascimento)
‘Todos estes que estão aí
Atravancando o meu caminho
Eles passarão
E eu passarinho..!’
A vida é um ir e vir incessante, encontrar-se e dizer adeus (ou até logo). Quantas vezes já não fiquei sentado em uma plataforma de uma estação de trens, aeroporto ou de ônibus vendo aqueles que chegam, aqueles que se despedem. O choro, a alegria. A representatividade do ambiente, a depender do que ocorria…
Naquele mesmo que vem, há a despedida. Dois lados de uma mesma vida. Caras opostas. sentimentos que se completam. Viagens daqueles errantes, chegadas de uns que há muito não se vê. E eu observando… Gente que vai e que nem tem a quem dizer adeus, outros apenas olhamos, num profundo silêncio mudo da despedida.
Estações que mudam, entram, saem. Os meses se passam, o calor dá lugar ao frio, mas o calor do sentimento aquece. A vida se repete, entra e saia estação. Cada assento é uma vida, é um lugar, é uma história. E lá, no meio , da despedida, também está o meu lugar. Ou parte de minha vida.
Mandando notícias do mundo de cá, alguns ficam. Mas melhor seria voltar quando bem quisesse. Sem planos… Somente a observar, e contemplar… E pensar. Partindo, uma nova despedida. E a vida se repete, no mesmo ciclo do encontro e da despedida.
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida